Mas o que é afinal essa tal de “Nova Música Clássica”?

Primeiramente gostaria de dizer que não estou tentando revolucionar nada. Não estou destronando uma música clássica tradicional que reina sobre todos para substituí-la por outra, que seria a tal “nova”.

Nada disso. Só estou querendo chamar a atenção para a obra de compositores que têm explorado o piano de forma muito expressiva e atraído a atenção de um público bem numeroso, inclusive dos mais jovens – em princípio desconectados da música dita erudita.

Compositores e do que é feita essa música

Há compositores neste exato momento lançando discos de piano solo, lotando enormes teatros ao redor do mundo em infindáveis turnês, ganhando prêmios (inclusive relacionados à música clássica) e sendo seguidos por milhões nas redes sociais e plataformas de streaming.

Assinam contrato com gravadoras como Deutsche Grammophon, Warner Classics e Decca, ainda que suas músicas tenham de modo geral uma estrutura super simples e pareçam ter sido feitas como trilha sonora de um filme.

Ludovico Einaudi, um dos expoentes deste grupo, foi eleito no Global Awards 2023 o Artista Clássico do Ano. É o compositor “clássico” mais ouvido do mundo nas plataformas digitais, com quase três bilhões de streamings, número distantemente superior ao somatório dos dez compositores clássicos mais ouvidos do mundo (Bach, Beethoven, Mozart, Chopin, Debussy, Vivaldi, Schubert, Brahms, Händel e Liszt)! Seus discos? São de piano solo ou acompanhado de uma orquestra de cordas. Seus concertos são introspectivos e quase meditativos, centrados na música – simples e minimalista – e sua execução cuidadosa, sem maiores artifícios multimidiáticos.

O público jovem tem acompanhado e celebrado esses compositores, lotando teatros e consumindo suas obras. Para citar alguns nomes, temos: Ludovico Einaudi, Ólafur Arnalds, Joep Beving, Hania Rani, Yann Tiersen, Alexandra Stréliski e Max Richter. São muitos, milhares ao redor do mundo!

A Música Clássica tradicional não perdeu a força ou deu lugar a esta dita Nova Música Clássica. Os grandes compositores e suas obras magistrais estarão sempre lá, ocupando o mesmo lugar de sempre. Apenas o guarda-chuva da música clássica estaria mais amplo. Um novo estilo de música está sendo aos poucos reconhecido como pertencente ao “clássico” e renovando o público que se interessa pelo gênero. Abramos espaço para o novo!

Conclusão

Essa é uma leitura pessoal minha e meu objetivo é atrair a atenção das pessoas, inclusive profissionais do meio, para o que está sendo criado neste momento ao redor do mundo. Gostaria muito de ver pianista clássicos tradicionais se interessando por esses compositores e expandindo as possibilidades de seus repertórios. Essa seria uma inovação importante no que se refere ao repertório dos concertos clássicos. Por isso nasceu esse projeto, por isso criei essa série de concertos chamada A Nova Música Clássica para Piano. É um nome provocativo, de certa forma, mas justamente para promover o debate, para que discutamos a respeito desses novos caminhos e que a música clássica possa respirar mais aliviada e renovada a partir disso.